Lino Tavares
Não paira a menor dúvida de que a última rodada do "brasileirão", que ocorre no próximo domingo, merece ser classificada como a maior final de campeonato da história do futebol brasileiro. Entre as outras que a antecederam, houve aquelas que também se acercaram de enorme expectativa, em função da grandeza dos clubes finalistas. Nenhum delas, porém, conseguiu monopolizar, com tamanha intensidade, as atenções para dois jogos paralelos, realizados em cidades distantes, revestidos de igual importância. A volta olímpica do campeão brasileiro de 2008, no 7 de dezembro que se aproxima, pode acontecer tanto em Brasília quanto em Porto Alegre.
São Paulo e Goiás, na capital federal; Grêmio e Atlético Mineiro, na capital gaúcha, serão praticamene um só jogo, disputado em estádios diferentes. Os milhares de assistentes de qualquer desses jogos, nos estádios ou fora deles, terão que necessariamente manterem-se ligados em ambos os confrontos. O radinho de pilhas, que andava meio esquecido nas arquibancadas, voltará a ser nesse dia companheiro inseparável dos que forem a campo assistir às duas partidas. Um grito de "gooool... do Goiás", poventura vindo de Brasília, sacudirá tanto as arquibancadas do "Olímpíco, quanto um gol do Grêmio assistido "in loco" pela torcida tricolor. A recíproca é verdadeira, em relação a um grito de "Gooool do Atlético Mineiro", ouvido pelos torcedores do São Paulo no jogo do Distrito Federal.
Tanto o São Paulo, de Murici Ramalho, quanto o Grêmio, de Celso Roth, vestirão nesse dia duas camisetas: a sua e a do adversário do seu concorrente na disputa do título. Nesta colocação, de sentido meramente figurativo, somente o Grêmio deixa de ser tricolor e passa à condição de "tetracolor", acresentando, em sua simbologia azul, branco e preto, o verde do Goiás. O São Paulo, por sua vez, continuará, nesse aspecto, sendo tão somente o tricolor que sempre foi, haja vista que, na camisa branco e preto do Atlético Mineiro, o adversário do Grêmio,que simbolicamene vestirá, só existem cores que se repetem na gloriosa jaqueta do clube do Morumbi.
Que bom que seja assim, uma final disputda minuto a minuto, polarizada entre duas grandes cidades brasileiras, distantes cerca de dois mil quilômetros uma da outra. É disso que o povo brasileiro precisas, para retemperar os ânimos e resgatar parte significativa da alegria de viver, ora tão abalada pelos desmanados políticos que viraram rotina nos altos escalões do poder e pelas adversidades consubstanciadas em fenômenos da natureza, como as cheias que castigam dezenas de milhares de irmãos catarinenses, hoje credores de nossa solidariedade e irrestrito apoio na busca incessante daquelas condições dignas de vida, perdidas nos horrores da tragédia que ora preseciamos pesarosos, mas plenos de amor para dar.